Faz hoje 3 dias que deixei o meu “centro do mundo” e parti à aventura!:)
Deixei “as lagartas a panicar sózinhas” (a maior parte porque as lagartas das saudades aparecem de quando em vez) e “voei com as borboletas” numa experiência que acredito (com muita força) vir a trazer-me um enriquecimento profissional e ainda mais pessoal.
Voei sem medos na quarta-feira à noite, depois de ter partilhado um belo jantar com pessoas que me aquecem o coração!
Voei também com todos vós! Trago-vos neste espaço bem quentinho que em mim existe e que transporta o mais essencial!
A viagem em si correu bem! Depois de um jantar que contemplou uma deliciosa lasanha de frango, chouriço e farinheira e em que quase em simultâneo fui surpreendida pelo relatório de análises clínicas que denunciava uns meros 265 de colesterol, eis se não quando, sou surpreendida novamente, num voo da TAP com uma ceia de Gnoqui com natas e cogumelos! É assim mesmo...colesterol Upa Upa!:) Faz-te forte!!
O avião aterrou dentro do horário previsto: 7h55 (uma hora a mais comparativamente a Portugal).
Luanda recebeu-me com um calor imenso. Daqueles que se cola ao corpo e vive tipo parasita até que tomemos o próximo banho!:) Fora com todos os casacos e adereços e só apetece havaiana no pé!;) Fila interminável para apresentação de passaporte, chekagem de boletim de vacinas, recolha de bagagens e saída... Luis Pedro estava sorridente à minha espera, recebeu-me num forte abraço: “Minha querida, bem vinda a Luanda, temi que não viesses!”;)
O Sr. Fernando (o motorista da UMA) aguardava-nos no exterior. Um Sr. simpático e bem disposto que me foi apresentando um pouco do que os meus sentidos absorviam (muita informação sensorial para digerir) e que nos levou em segurança até ao próximo destino: Universidade Metodista de Angola (UMA) polo central, mesmo no centro de Luanda. Foi nesse trajecto que facilmente percebi que é possível fazer um Km em uma hora, que me apercebi da caoticidade e anarquia do trânsito local e que a assimetria está ao virar da esquina!
Chegados à UMA, Luis Pedro apresentou-me a professores, vice-reitores e reitores, doutores e outros senhores. Fui muito bem recebida por todos! Que trabalheira só para associar nomes a caras e caras a nomes!:) Foi por lá que almoçámos e posteriormente partimos direcção ao próximo destino: Cacuaco! E sim, é possível fazer 17km em duas horas!:) Engarrafamentos descomunais no meio da cidade, estradas de terra batida e “picadas” (com buracos), intercaladas com estradas alcatroadas com 6 vias de circulação (quando supostamente seria 3) e isso ainda associado a vias na diagonal. Sim, porque aqui, os carros, as motas, os triciclos, as pessoas e tudo o que se mexa, aparece de todos os lados, de todas as direcções e em todas as frentes.
Tudo se vende e tudo se faz à beira da estrada! Tudo!:) Podia ter trazido toda a variedade de frutas e legumes, bebidas, podia ter cortado o cabelo e tirado fotografias, cozinhado e alugado panelas, lavado a mota dentro de uma poça de aguas paradas, comido, dançado e escutado musica, brincado com crianças, conversado com adultos, escutado os mais velhos... Tudo! Porque muita vida se passa à volta da estrada...
Os meus olhos viram também as zonas mais pobres e vulneráveis da cidade (os musseques)... a miséria vive na porta ao lado! :( Impossível o coração não ficar apertadinho... ao ver uma criança esboçar um sorriso, feliz, em cima de uma montanha de lixo...dói de verdade...:( O mais parecido que vi foi em Iquitos mesmo assim, diferente.
E bem, eis que passadas quase 2h chegamos ao destino final, ao Kaop Parque em Cacuaco onde fica o Campus da Saúde e do desporto e onde passarei a maior parte do tempo destes próximos dias da minha vida!:)
Mais uma vez, bem acolhida e bem recebida por todos. Conheci todos os colegas e todas as pessoas que vão fazer parte da minha vida daqui para diante. Conheci as instalações e aquele que vai ser o meu ninho nos próximos tempos. O que vos posso dizer?! Que estou mesmo bem instalada, que as condições são as que prometeram, que a comida no refeitório é óptima, que o calor lá fora é muito, mas cá dentro, o ar condicionado resolve tudo, que todos me tratam bem e me recebem e me encontram com um sorriso!:) E é entre refeições, risos, conversa e gargalhadas, um café, uma ida ao ginásio, uma volta de bicicleta e evidentemente, a preparação de aulas, que se tem vivido a vida no Koap Parque!
Hoje foi um dia especial. Dia da mulher é feriado em Angola e a verdade é que, fui tratada como uma princesa!:) Pequeno almoço servido à mesa com direito a croissant de chocolate, torradinhas e sumo de laranja natural! Almoço na famosa baia de Luanda a degustar uma deliciosa espetada mista de peixe e camarão e iniciação nas cucas (cerveja angolana). A sobremesa teve lugar num outro spot bem frequentado da cidade: a pastelaria Al-Dar. Um restaurante-pastelaria libanesa onde só os olhos nos fazem engordar com o aspecto de cada iguaria! Á tarde, um refresco na esplanada do Hotel trópico (o mais antigo mas mais procurado da cidade) de frente para a piscina, amenizou o calor que se fazia sentir pela capital.
Confesso que foi tudo óptimo (melhor que isto só 2x isto!:) ), mas estou com muita vontade de experimentar coisas mais genuínas, mais autênticas, e saborear a tipicidade da gastronomia angolana...poder aproximar-me um pouco mais dos “locals” afinal, é ai que reside a essência!:)
Regressamos a Cacuaco ao final do dia, chegámos com o pôr-do-sol! Que brilho esse do sol a esconder-se entre palmeiras, acácias e embondeiros e que bem que sabe vê-lo, senti-lo e aprecia-lo no horizonte... aquece e acalma a alma ao final de mais um dia!.. Aqui o sol põe-se cedo (18h) e nasce cedo também (5h30).
Neste momento em que vos escrevo, são precisamente 22h30. Na rua permanece um calor que nos consola e acalma, ouve-se a “musica” da natureza (ralos, cigarras, libelinhas, louva-a-deus, gafanhotos...) que nos conforta os sentidos e, relativamente a isto, não existem assimetrias: cobre-nos a todos, o mesmo tecto coberto de estrelas!! Olho para cada uma delas e vejo-vos a cada um, com um brilho impar que me ilumina o coração!
O vento...tenue...sopra quente!! É a ele que peço que transporte o meu abraço, igualmente caloroso, que vos faça chegar e vos aperte forte o coração!!
Com carinho e saudade,
Rita Sousa
Faz hoje 3 dias que deixei o meu “centro do mundo” e parti à aventura!:)
Deixei “as lagartas a panicar sózinhas” (a maior parte porque as lagartas das saudades aparecem de quando em vez) e “voei com as borboletas” numa experiência que acredito (com muita força) vir a trazer-me um enriquecimento profissional e ainda mais pessoal.
Voei sem medos na quarta-feira à noite, depois de ter partilhado um belo jantar com pessoas que me aquecem o coração!
Voei também com todos vós! Trago-vos neste espaço bem quentinho que em mim existe e que transporta o mais essencial!
A viagem em si correu bem! Depois de um jantar que contemplou uma deliciosa lasanha de frango, chouriço e farinheira e em que quase em simultâneo fui surpreendida pelo relatório de análises clínicas que denunciava uns meros 265 de colesterol, eis se não quando, sou surpreendida novamente, num voo da TAP com uma ceia de Gnoqui com natas e cogumelos! É assim mesmo...colesterol Upa Upa!:) Faz-te forte!!
O avião aterrou dentro do horário previsto: 7h55 (uma hora a mais comparativamente a Portugal).
Luanda recebeu-me com um calor imenso. Daqueles que se cola ao corpo e vive tipo parasita até que tomemos o próximo banho!:) Fora com todos os casacos e adereços e só apetece havaiana no pé!;) Fila interminável para apresentação de passaporte, chekagem de boletim de vacinas, recolha de bagagens e saída... Luis Pedro estava sorridente à minha espera, recebeu-me num forte abraço: “Minha querida, bem vinda a Luanda, temi que não viesses!”;)
O Sr. Fernando (o motorista da UMA) aguardava-nos no exterior. Um Sr. simpático e bem disposto que me foi apresentando um pouco do que os meus sentidos absorviam (muita informação sensorial para digerir) e que nos levou em segurança até ao próximo destino: Universidade Metodista de Angola (UMA) polo central, mesmo no centro de Luanda. Foi nesse trajecto que facilmente percebi que é possível fazer um Km em uma hora, que me apercebi da caoticidade e anarquia do trânsito local e que a assimetria está ao virar da esquina!
Chegados à UMA, Luis Pedro apresentou-me a professores, vice-reitores e reitores, doutores e outros senhores. Fui muito bem recebida por todos! Que trabalheira só para associar nomes a caras e caras a nomes!:) Foi por lá que almoçámos e posteriormente partimos direcção ao próximo destino: Cacuaco! E sim, é possível fazer 17km em duas horas!:) Engarrafamentos descomunais no meio da cidade, estradas de terra batida e “picadas” (com buracos), intercaladas com estradas alcatroadas com 6 vias de circulação (quando supostamente seria 3) e isso ainda associado a vias na diagonal. Sim, porque aqui, os carros, as motas, os triciclos, as pessoas e tudo o que se mexa, aparece de todos os lados, de todas as direcções e em todas as frentes.
Tudo se vende e tudo se faz à beira da estrada! Tudo!:) Podia ter trazido toda a variedade de frutas e legumes, bebidas, podia ter cortado o cabelo e tirado fotografias, cozinhado e alugado panelas, lavado a mota dentro de uma poça de aguas paradas, comido, dançado e escutado musica, brincado com crianças, conversado com adultos, escutado os mais velhos... Tudo! Porque muita vida se passa à volta da estrada...
Os meus olhos viram também as zonas mais pobres e vulneráveis da cidade (os musseques)... a miséria vive na porta ao lado! :( Impossível o coração não ficar apertadinho... ao ver uma criança esboçar um sorriso, feliz, em cima de uma montanha de lixo...dói de verdade...:( O mais parecido que vi foi em Iquitos mesmo assim, diferente.
E bem, eis que passadas quase 2h chegamos ao destino final, ao Kaop Parque em Cacuaco onde fica o Campus da Saúde e do desporto e onde passarei a maior parte do tempo destes próximos dias da minha vida!:)
Mais uma vez, bem acolhida e bem recebida por todos. Conheci todos os colegas e todas as pessoas que vão fazer parte da minha vida daqui para diante. Conheci as instalações e aquele que vai ser o meu ninho nos próximos tempos. O que vos posso dizer?! Que estou mesmo bem instalada, que as condições são as que prometeram, que a comida no refeitório é óptima, que o calor lá fora é muito, mas cá dentro, o ar condicionado resolve tudo, que todos me tratam bem e me recebem e me encontram com um sorriso!:) E é entre refeições, risos, conversa e gargalhadas, um café, uma ida ao ginásio, uma volta de bicicleta e evidentemente, a preparação de aulas, que se tem vivido a vida no Koap Parque!
Hoje foi um dia especial. Dia da mulher é feriado em Angola e a verdade é que, fui tratada como uma princesa!:) Pequeno almoço servido à mesa com direito a croissant de chocolate, torradinhas e sumo de laranja natural! Almoço na famosa baia de Luanda a degustar uma deliciosa espetada mista de peixe e camarão e iniciação nas cucas (cerveja angolana). A sobremesa teve lugar num outro spot bem frequentado da cidade: a pastelaria Al-Dar. Um restaurante-pastelaria libanesa onde só os olhos nos fazem engordar com o aspecto de cada iguaria! Á tarde, um refresco na esplanada do Hotel trópico (o mais antigo mas mais procurado da cidade) de frente para a piscina, amenizou o calor que se fazia sentir pela capital.
Confesso que foi tudo óptimo (melhor que isto só 2x isto!:) ), mas estou com muita vontade de experimentar coisas mais genuínas, mais autênticas, e saborear a tipicidade da gastronomia angolana...poder aproximar-me um pouco mais dos “locals” afinal, é ai que reside a essência!:)
Regressamos a Cacuaco ao final do dia, chegámos com o pôr-do-sol! Que brilho esse do sol a esconder-se entre palmeiras, acácias e embondeiros e que bem que sabe vê-lo, senti-lo e aprecia-lo no horizonte... aquece e acalma a alma ao final de mais um dia!.. Aqui o sol põe-se cedo (18h) e nasce cedo também (5h30).
Neste momento em que vos escrevo, são precisamente 22h30. Na rua permanece um calor que nos consola e acalma, ouve-se a “musica” da natureza (ralos, cigarras, libelinhas, louva-a-deus, gafanhotos...) que nos conforta os sentidos e, relativamente a isto, não existem assimetrias: cobre-nos a todos, o mesmo tecto coberto de estrelas!! Olho para cada uma delas e vejo-vos a cada um, com um brilho impar que me ilumina o coração!
O vento...tenue...sopra quente!! É a ele que peço que transporte o meu abraço, igualmente caloroso, que vos faça chegar e vos aperte forte o coração!!
Com carinho e saudade,
Rita Sousa
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